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O fenómeno do ténis no Porto. Eis o retrato do Desporto-rei na Invicta

3 Janeiro, 2024

[Artigo publicado originalmente em portocanal.sapo.pt]

 

O nascimento do ténis em Portugal é, comumente, apontado ao sul do país, mais concretamente a Cascais, a pequena vila que era o mais importante centro da vida social e das elites nacionais no século XIX. Contudo, o despontar da modalidade em solo luso deu-se, igualmente, no Norte, com o Porto em plano de destaque, onde a forte presença inglesa foi chave para o desenvolvimento e propagação do Desporto.

O contexto histórico, juntamente com a paixão pelo ténis, fortemente enraizada na cidade, fazem com que esta seja a modalidade em que o Porto tem mais atletas federados. Dados que impressionam e ilustram a evolução competitiva em curso na cidade.

Para se ter uma noção, a Federação Portuguesa de Ténis fechou a época de 2022/23 com um total de 27 575 atletas federados, sendo que destes 66,63% (18374) correspondem a atletas do sexo masculino e 33,37% (9201) compõem o universo feminino.

Um cenário que comprova a forte expressão do ténis pelo país, especialmente na região Norte, na Associação de Ténis do Porto (ATP), que representa 29% do número total de atletas federados. “Faz da parte da genética do Porto o ténis. Está muito enraizada a prática desportiva na cidade”, salienta António Paes de Faria, Presidente da entidade que regula o ténis na região norte.

 

 

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Se olharmos para a evolução do número de praticantes na ATP nos últimos cinco anos, é possível perceber o desenvolvimento gradual e significativo de que a modalidade tem vindo a ser alvo. Se em 2017/2018, contabilizavam-se 5 506 atletas federados, em 2022/2023 este valor aumentou para 8098, refletindo a onda de incremento em torno da modalidade.

Uma predominância e um domínio que se verificam, igualmente, no número de clubes por Associação em que a ATP (53) é somente ultrapassada por Lisboa (60).

“Este sucesso teve duas razões: uma de trabalho, porque de facto tem-se feito um trabalho… A Federação, as Associações dos Clubes e é uma modalidade que se adapta bem à vida moderna, mesmo à vida urbana e por isso tem crescido. E, por outro lado, o covid parecendo que não, foi mau para umas coisas e foi bom para outras”, defende António Paes de Faria, em entrevista ao Porto Canal.

Raízes do ténis na Invicta

O facto de o ténis constituir um desporto de origem britânica facilitou a sua propagação no seio da colónia inglesa que habitava na Cidade Invicta. Assim, por iniciativa de alguns dos seus elementos e, também, de vários cidadãos nacionais, nasce em 1898, na Foz do Douro, o primeiro clube de ténis da cidade do Porto, o Grupo Lawn-Tennis de Carreiros, a mais antiga entidade de ténis em Portugal, após a extinção, em 1973, do Sporting Clube de Cascais. Um estatuto que constitui particular orgulho não só para o histórico emblema como para a cidade Invicta.

Em 1902, o Clube transferiu-se para a Rua Dr. Sousa Rosa, onde permanece até hoje. Tem apenas um court de ténis de pó de tijolo e uma escola de ténis sob a responsabilidade de Joaquim Vilela, há mais de 30 anos.

Outra das mais célebres instituições da cidade é o Lawn-Tennis Clube da Foz. Surgiu em 1900, graças aos esforços do almirante José da Cunha Lima, Visconde de Guilhomil, e Fernando Nicolau d’ Almeida. Tem os seus courts contíguos ao Castelo de S. João. De terra batida e piso sintético, os campos compõem uma vistosa estrutura que salta à vista dada a beleza do espaço envolvente.

“Penso que somos o único clube em Portugal que faz parte da Associação centenária de Clubes Mundial”, frisa Pedro Leitão, presidente do centenário emblema, de sorriso rasgado.

Orgulhoso no caminho traçado até aqui, o representante alerta, contudo, para uma carência de material desportivo na cidade que impulsione o desenvolvimento contínuo da modalidade.

“Há muito a fazer pelo ténis, mas o melhor que podiam fazer pelo ténis era darem instalações aos clubes desportivos ou municipais para que os clubes desportivos pudessem utilizar, caso contrário vamos limitar e perder todo este apport que temos conseguido construir”, rematou Pedro Leitão.

 

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