Jaime Faria vence duelo português e está nos quartos de final do Eupago Porto Open
João Domingues e Gastão Elias despedem-se na segunda ronda
Tiago Pereira e Duarte Vale nos quartos de final de pares
Jaime Faria levou a melhor no encontro com João Domingues e inscreveu o nome nos quartos de final do Eupago Porto Open, que durante a jornada desta quarta-feira ficou sem Gastão Elias. Na quinta-feira será a vez de Henrique Rocha regressar à ação para tentar igualar o amigo neste ATP Challenger 125 que a Associação de Ténis do Porto organiza, com os apoios da Federação Portuguesa de Ténis e da Câmara Municipal do Porto, no Complexo Desportivo do Monte Aventino até domingo (4 de agosto).
Dois dias depois da estreia, Jaime Faria (169.º classificado no ranking ATP) confirmou o favoritismo e colocou um travão na série vitoriosa do amigo João Domingues (721.º), que jogou na véspera e antes disso venceu cinco encontros durante a semana passada para se sagrar campeão de um ITF M25 neste mesmo local.
O lisboeta de 20 anos não entrou bem, mas soube dar a volta ao oliveirense, mais velho uma década, e acabou a celebrar com os parciais de 0-6, 6-3 e 6-4 assinados em 1h52.
Faria surgiu no court adoentado e demorou a conseguir fazer frente à intensidade de Domingues, que aproveitou para ser agressivo e dominar por completo a primeira partida. Depois, os papéis começaram a inverter-se e o mais novo dos dois amigos ativou o corpo, passou a oferecer mais resistência e elevou o nível da pancada de serviço, fundamental para desenhar a reviravolta à medida que se tornou mais sólido desde a linha de fundo e passou a ditar — para o bem e para o mal — a maioria das trocas de bolas.
Com o embate empatado, os dois portugueses tiveram uma quebra de energia no terceiro parcial. Reagiu melhor Faria, que estancou uma série de cinco breaks consecutivos com um jogo de serviço autoritário e pouco depois conseguiu celebrar pela segunda vez esta semana.
“É difícil jogar contra um grande amigo, ele é dos jogadores com quem me dou melhor e para além disso não é fácil porque conhecemo-nos os dois bem. Ele entrou bem e teve muito mérito. Eu entrei apático, não muito bem fisicamente e pouco ativo, mas o que interessa é que a minha reação foi boa. No segundo set agarrei-me mais ao serviço, às primeiras bolas e quando desci um pouco a qualidade já estava sólido do fundo de campo, o que me deu muita confiança”, analisou Faria em conferência de imprensa.
Domingues concordou com a análise do compatriota, acrescentando que aproveitou “as oportunidades que ele me estava a dar e o facto de não conseguir gerir o meu estilo de jogo, que estava a ser mais intenso e mais agressivo.”
“Depois entrei mais apagado no segundo set, cedi um pouco mental e fisicamente e aí ele entrou mais no jogo e começou a fazer o tipo de padrões que eu não estava a conseguir fazer. Ainda tive um ponto para recuperar o break de atraso ao 3-5, mas ele jogou bem. No terceiro set houve uma fase estranha, com breaks atrás de breaks, e acabaram-me as pilhas”, reconheceu. “A qualidade e a profundidade das minhas bolas mudou muito, passou a ser totalmente diferente do primeiro set. Gostava de ter tido mais um dia para descansar entre a primeira e a segunda ronda, mas isso não foi possível e pesou porque estou a jogar há praticamente oito dias consecutivos.”
Ainda assim, a prestação nas duas semanas de Eupago Porto Open deixou o ex-top 150 satisfeito com o nível apresentado e as vitórias somadas, que na próxima semana o levarão a subir mais de 150 lugares (está no 565.º lugar do live ranking, mas a classificação oficial poderá variar ligeiramente).
Encerrada a quinzena na cidade invicta, João Domingues ainda pondera sobre a participação no primeiro ITF M25 de Idanha-a-Nova, em betão poroso, caso contrário seguirá para Espanha de forma a participar num torneio da mesma categoria, mas em terra batida, e preparar o Challenger do Clube de Ténis do Porto, no final de agosto.
Quanto a Jaime Faria, terá um dia de descanso e de preparação para o encontro com Vadym Ursu (338.º), sobre quem já tem a lição estudada: “É um jogador típico destas condições, que tem um ténis muito reto, joga em cima da linha e procura a linha. É agressivo, gosta de ir para a rede e vai ser uma luta, sei que aqui pode causar-me dificuldades”.
O lucky loser ucraniano evitou mais um confronto luso ao eliminar Gastão Elias (327.º) por 6-2 e 6-3 num dia em que o tenista português esteve vários furos abaixo do nível que já apresentou esta época.
“Não vale a pena falar muito da qualidade do adversário porque senti que da minha parte não dei os mínimos. Não me meti sequer numa posição de lutar pela vitória”, deplorou Elias. “Como disse ontem, se este torneio fosse noutro país provavelmente não iria jogá-lo porque fisicamente ainda não estou a 100%.”
Visivelmente desiludido, o ex-top 60 e ex-vencedor do Eupago Porto Open, quando ainda era da categoria ITF M25, explicou que “estou mais desiludido por esta oportunidade ter aparecido no momento errado para mim, porque se calhar não vou conseguir ter outra oportunidade como esta num Challenger 125. Não é que fossem encontros fáceis, mas num torneio desta categoria é muito complicado conseguir um quadro como este.”
A jornada desta quarta-feira também ficou marcada pela eliminação do primeiro cabeça de série, Lukas Klein.
O eslovaco, número 112 mundial, podia sair do Complexo Desportivo do Monte Aventino como jogador do top 100 pela primeira vez caso conquistasse o título, mas esbarrou no qualifier Edas Butvilas (457.º), que prolongou a campanha ao vencer por 6-4 e 7-6(8) após anular seis (!) set points num tie-break em que esteve a perder por 2-6.
Foi a melhor vitória da carreira para o tenista da Lituânia, que assim chegou pela terceira vez na carreira aos quartos de final de um Challenger — e primeira na categoria 125. Segue-se Alejandro Moro Canas (168.º), o outro vencedor do dia em singulares, às custas de Alexander Blockx (295.º) com os parciais de 7-6(0) e 6-4.
Nos pares, Tiago Pereira e Duarte Vale e venceram o sul-coreano JiSung Nam e o australiano Rubin Statham em duas partidas, por 6-4, 4-6 e 10-8, celebrando a segunda vitória lado a lado em torneios Challenger.
A segunda aconteceu há 10 meses, no Braga Open, curiosamente contra os polacos Karol Drzewiecki e Piotr Matuszewski, que serão os próximos adversários no Eupago Porto Open.
João Domingues e Pedro Araújo foram eliminados, enquanto Jaime Faria e Henrique Rocha abdicaram da ida a jogo por causa das dificuldades físicas sentidas pelo lisboeta durante a manhã.
Na quinta-feira, Rocha tentará juntar-se ao amigo Faria e duplicar a presença lusa nos quartos de final de singulares. Número 167 mundial (é a melhor classificação da carreira) e sétimo cabeça de série, o portuense tem encontro marcado com o espanhol Alex Martínez (678.º) no segundo encontro das 11h. Antes, Joris de Loore e Mikhail Kukushkin (ex-top 40 e atual 134.º) enfrentam-se no outro embate com transmissão televisiva.